Desafios nas vendas semanais de soja dos EUA refletem mudanças no mercado global

Dmitry Mikhailov
Dmitry Mikhailov

As vendas semanais de soja dos EUA apresentaram um dos menores volumes da temporada comercial, evidenciando uma mudança significativa no cenário do agronegócio internacional. Segundo o USDA, as vendas da soja da safra velha foram de apenas 61,4 mil toneladas, muito abaixo das expectativas do mercado, que estimava entre 100 mil e 500 mil toneladas. Esse volume representa uma queda de 68% em relação à semana anterior e um recuo de 74% em comparação à média das últimas quatro semanas, mostrando uma tendência preocupante para os exportadores norte-americanos.

A queda nas vendas semanais de soja dos EUA está diretamente ligada à diminuição da demanda chinesa, tradicionalmente o maior comprador global desse produto. A China continua direcionando suas compras para a América do Sul, principalmente para o Brasil, devido a fatores comerciais e de preços menos atrativos da soja americana. Esse cenário demonstra o impacto da Guerra Comercial e a preferência por fornecedores alternativos, o que afeta diretamente o ritmo das vendas norte-americanas e a competitividade dos EUA no mercado internacional.

Apesar do baixo volume nas vendas da safra velha, as vendas da safra 2025/26 ficaram dentro das projeções, totalizando 58,1 mil toneladas. Taiwan liderou os destinos desse lote, reforçando que mercados alternativos continuam ativos mesmo diante da retração nas vendas para os grandes compradores tradicionais. Contudo, o ritmo geral permanece fraco, com o comprometido da nova safra em 1,11 milhão de toneladas, praticamente em linha com o ano anterior, sinalizando uma estabilidade sem crescimento expressivo.

No segmento do milho, as vendas semanais para exportação da safra velha também apresentaram queda, com 791,3 mil toneladas comercializadas, ainda que dentro das expectativas do mercado. O Japão permanece como principal comprador do milho norte-americano, apesar do volume ter caído 16% em relação à semana anterior e 33% em comparação à média das últimas quatro semanas. A competitividade brasileira no mercado, especialmente com a entrada da safrinha, tem limitado o crescimento das vendas americanas para a nova safra.

Outro ponto importante nas vendas semanais de soja dos EUA é o desempenho dos derivados, como o farelo e o óleo de soja. O farelo de soja da safra velha registrou vendas de 214,5 mil toneladas, com o Vietnã como maior comprador, enquanto as vendas da safra nova atingiram 46,5 mil toneladas. Já o óleo de soja teve vendas mais modestas, com 5,6 mil toneladas na safra velha e cancelamento de 1,5 mil toneladas na safra nova, refletindo a volatilidade do mercado e a cautela dos compradores.

O cenário de vendas semanais de soja dos EUA reforça a necessidade de ajustes estratégicos para recuperar a competitividade frente aos concorrentes globais, principalmente considerando as barreiras comerciais e a guerra de preços no mercado internacional. O posicionamento do Brasil como fornecedor preferencial da China ressalta a importância do mercado sul-americano e a necessidade dos EUA se adaptarem para manter seu protagonismo no comércio global de soja.

Além dos impactos comerciais, as vendas semanais de soja dos EUA influenciam diretamente o planejamento agrícola e os estoques do país. O USDA indicou que o total comprometido para a safra 2024/25 está perto de 97% do volume estimado, o que pode pressionar os estoques finais e afetar a dinâmica dos preços futuros. Para a safra nova, a cautela dos compradores e a competição global apontam para uma temporada de desafios e possíveis ajustes no ritmo das exportações.

Em resumo, as vendas semanais de soja dos EUA mostram um quadro de retração e ajustes, refletindo mudanças no comportamento dos compradores e a necessidade de estratégias mais eficientes para manter a posição no mercado internacional. A contínua preferência da China pelo Brasil, a pressão da concorrência e a dinâmica dos mercados futuros exigem atenção redobrada dos produtores e exportadores americanos para enfrentar um cenário global cada vez mais competitivo.

Autor: Dmitry Mikhailov

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